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18 - Buon viaggio

Depois de ler sobre as viagens de outros imigrantes, só nos resta imaginar como foram as viagens dos emigrantes Giacomo Sarti, Felice Feltrin e Felici “Bon” Tiozzo que partiram do Vêneto em 1888 em direção ao Brasil. Mas o fato de que há muitas coisas em comum nessas histórias, me leva a crer que a viagem do Navio La France, Poito e os outros navios, tenham sido similares. Muito do que eu disser aqui sobre os membros de nossa família são baseados nos documentos que encontrei dos navios em que viajaram. Há também um pouco de especulação sempre com base em algumas histórias que ouvi do meu pai.

A viagem até Gênova

Aparentemente a viagem entre o Vêneto e Gênova levava dois dias com uma parada em Milão e era longa e cansativa. Era feita em um trem à vapor e os passageiros eram acomodados em um camarote muito simples. A malha ferroviária em 1870 já era bem desenvolvida no norte da Itália. Nos trens havia uma pequena porção de operários e muitos camponeses com suas famílias e bagagens. Acredito que a família Sarti e Feltrin embarcaram na estação em Rovigo.  A família Tiozzo devem ter pegado o trem em Veneza. Ao chegarem a Gênova, aguardaram uns dois dias antes de embarcarem. Talvez tenham pernoitado em uma hospedaria onde teriam jantar, camas macias e café da manhã.  Mas será que tinham dinheiro para pagar isso? Será que estavam entre aqueles que dormiram ao relento? Não sei dizer.  

Giacomo Sarti

Giacomo Sarti viajou em um grupo de seis pessoas. Além dele, estava sua tia viúva Rosa Viaro, seus primos Abramo Sarti e Maria Sarti que era casada com Natale Donegá e tinham um filho, Mário Donegá. Ao chegarem a Gênova, final de maio de 1888, a temperatura era amena e agradável variando entre 15 e 21 graus centigrados.

Eles embarcaram no Vapour La France. O Vapor La France pertencia a empresa marítima Société Génerale de Tranports Maritimes. De nacionalidade francesa; com 3.811 toneladas; 130 m de comprimento; 11 m de largura e velocidade média de 12 nós (22,2 km/h). Foi lançado em 1870 e o estaleiro construtor foi a Forges et Chantier de la Mediterranée no porto La Seyne. Fez sua primeira viagem em 1871 com 1.054 passageiros sendo que 54 estavam na primeira classe e 1.000 na terceira. Foi demolido em 1895. A viagem duraria 22 dias.1 Como nosso grupo de imigrantes foram introduzidos pelo governo geral do Brasil, não pagaram pela passagem. Pode ser que a tia Rosa, Maria e o menino Mario de quatro anos foram acomodados no subterrâneo da embarcação, separadas dos três homens: Giacomo, Abramo e Natale. Um dia após partirem de Gênova, o navio fez uma escala em Marselha na França onde subiram passageiros franceses e espanhóis. 

A maioria dos passageiros veio para trabalhar nas fazendas de café de São Paulo. O pequeno grupo que estava com Abramo Sarti partiam para trabalhar na fazenda de Henrique Dumont em Ribeirão Preto. Certamente havia muita expectativa de como seria a vida no Brasil e nesta fazenda! E se tudo o que sonharam fosse uma grande mentira, poderiam voltar para a Itália? 

 Giacomo tinha vinte quatro anos, Abramo vinte três, Natale trinta e dois. Eram homens jovens e fortes. Giacomo e Abramo certamente pensavam sobre como seria dali para frente. Os dois primeiros iriam começar novas famílias enquanto Natale e Maria teriam mais filhos. Os filhos deles ainda por vir, nascidos cidadãos brasileiros, falariam a sua língua, mas também aprenderiam o português. Durante a viagem, o grupo deve ter-se reunido e falado sobre suas expectativas e receios. Para a tia Rosa, com seus sessenta e cinco anos de idade, a travessia deve ter sido mais difícil e assim também seria para se adaptar a uma nova vida. Mas a família, embora pequena, estava reunida e permaneceriam assim mesmo no novo país.  Eles não entendiam uma única palavra de português, mas ao chegarem à Alfândega teriam a ajuda de agentes e tradutores para falar com os oficiais e apresentar os documentos.

O grupo desembarcou no porto de Santos no dia 28/06/1888. Era inverno, mas nada comparado ao inverno em Castelguglielmo. No dia seguinte, 29 de junho o navio atracou no porto do Rio de Janeiro levando uns poucos emigrantes que ficariam por lá.

Encontrei a fotografia da folha de passageiros no Arquivo Nacional SIAN – Segundo ela, o La France veio de Marselha, França e chegou ao Rio de Janeiro em 29/06/1888. Não há registro no Arquivo Nacional dos navios que aportaram em Santos antes de 1889. O nome do capitão é Allemano e havia passageiros na segunda e terceira classes. Não encontrei os nomes dos membros do grupo na lista. No final do livro, há a indicação de que 24 passageiros ficaram no navio. Eles seguiriam para Montevidéu e Buenos Ayres. 

O registro da pousada do imigrante informa que o nosso grupo chegou lá no dia 28/06/1888. Por isso eu deduzo que o navio passou em Santos no dia 28/06, deixou a maioria dos passageiros imigrantes e depois voltou para o Rio de Janeiro, talvez para pegar mais passageiros antes de seguir para Montevidéu. Depois de desembarcarem em Santos, o grupo foi direcionado a um trem que os levou até a pousada do imigrante, onde passariam a primeira noite em terras brasileiras.

Felice di Giovanni Feltrin

Era o quase fim de agosto de 1888, Felice di Giovanni Feltrin com 42 anos de idade acompanhado da mulher Luigia Gabrieli 37 partiram definitivamente, com sete filhos, da região do Vêneto, Itália para o Brasil. Passara seus 42 anos migrando de um campo para outro na planície do rio Pó, de Frata-Polesine para Lendinara, Ramadipalo e Rovigo. Primeiro com seu pai e avós, agora com seus sete filhos, como camponês, provavelmente fazia trabalho sazonal, viviam uma vida de aperto e incerteza.  Depois de ver tantos conterrâneos partir para o Brasil, ele decidiu: - “Vamos para a América. Eu morrerei trabalhando, mas meus filhos e netos terão uma vida melhor.”

 A sua filha mais velha Amabile estava com 16 anos de idade, Agostino com 13, Eugenio 12, Ângela 09, Concetta 7, Maria 4 e Antonia 1. Todos embarcaram em um trem, provavelmente em Rovigo e partiram até Gênova de onde embarcariam no Vapor Poitou. O Imperador Brasileiro pagou a passagem de toda a família até o Brasil. 

O Vapor Poitou era um navio de 1.926 toneladas que pertenceu também à companhia francesa SGTM Lines – Sociètè Generale du Transports Maritimes. Tinha 99 metros de comprimento e 10,6 metros de largura.  Tinha apenas uma chaminé, dois mastros de vela e era construído em ferro com apenas uma hélice propulsora. Dois motores invertidos davam a ele a velocidade de 10 nós (18,52 km/hora). 3

Onde será que aquelas nove pessoas ficaram hospedados em Gênova? Será que Felice teve dinheiro para pagar uma ou duas noites em uma hospedaria? Será que ficaram em um daqueles asilos que forneciam uma refeição diária e um local coberto onde eles podiam dormir sobre suas roupas e malas? Ou estavam eles entre a maioria que dormiram nas calçadas ou em uma praça sob uma árvore?  

Imagino a grande confusão durante o embarque. As mães prendiam os filhos pelas mãos, pela camisa, por onde quer que seja, com medo que caíssem no mar. Felice com Concetta ao colo e carregando uma mala com a outra mão. Luigia com a caçula Antônia ao colo e uma trouxa de roupas presa ao braço, Amabile com Maria ao colo e segurando a mão de Ângela. Agostino, e Eugênio, os filhos mais velho, agarrados ao paletó surrado do pai com as mãos firmes para não soltar de forma alguma. Ao subirem ao navio, os nomes dos nove passageiros foram anotados no livro de passageiros. Em seguida um marinheiro os conduziu aos aposentos.   

Se os Feltrin tiveram sorte, ficaram todos juntos em uma cabine. Se não, podem ter sido separados e então eu imagino que Felice ficou com Agostino e Eugênio no aposento masculino enquanto Luigia Gabrieli ficou com as filhas Amabile, Ângela, Concetta, Maria e Antônia no aposento das mulheres. Deve ter sido extremamente excitante, especialmente para os dois garotos, Agostino e Eugênio, com 13 e 12 anos que pela primeira vez estavam dentro de um navio. Saíram do camarote, acompanhados do pai, para espiar o movimento no convés, viram a multidão de passageiros já embarcados, os marinheiros retirando a escada, e depois ainda carregando caixotes, mantimentos e outras mercadorias no portão do navio. No patamar superior, havia uma multidão. Pessoas carregando malas, outros pacotes e trouxas. Havia gente alegre, gente triste, gente rezando, gente maldizendo. Devem ter ficado no convés até o navio partir.

Foram mais de 20 dias de viagem em direção a América do Sul. Imagino que a família deve ter encontrado um cantinho na proa onde ficavam todos juntos durante boa parte da viagem. Luigia aproveitava para remendar a manga da camisa de um dos meninos ou pentear o outro.  Amabile tricotava e ajudava a mãe a cuidar das irmãs pequenas e brincar com elas. Imagino que Amabile, aos 16 anos, foi logo notada por rapazes solteiros e tornou-se objeto de adoração de algum deles. Os meninos Logo eles escapavam do cantinho e sumiam pelo navio à procura de outros garotos da mesma idade para brincarem. 

  Aparentemente, todos tinham que passar por uma tempestade assustadora, como uma espécie de ritual de passagem antes de chegar a América e é possível que isto tenha acontecido também com a família Feltrin. O Vapor Poitou era um navio que iria direto para o porto de Santos. À medida que o navio se aproximou do continente e viram a muralha de mata verde luxuriante que separa o litoral do planalto, os emigrantes devem ter tido a sensação que estavam chegando ao paraíso. 

Felice di Giovanni Feltrin, acompanhado de oito membros de sua família, desembarcou no porto de Santos no dia 21/09/1888, praticamente três meses depois de Giacomo Sarti. Era quase primavera. A primavera, em muitas culturas, é o momento em que os camponeses pensam na fertilização do solo. Esse é também o período que os animais utilizam suas fertilidades para se reproduzirem. As flores que ficaram reclusas durante todo o período de inverno, surgem. Por isso a primavera simboliza recomeço. Seu destino final era a fazenda Dumont em Sertãozinho, Ribeirão Preto. Foi lá que Amabile encontrou Giacomo Sarti e ambos começaram uma nova família.

Felice “Bon” Tiozzo

Felice ‘Bon’ Tiozzo tinha sessenta e três anos quando deixou o Vêneto. Essa é a idade em que a maioria das pessoas, hoje em dia, estão pensando em se aposentar, mas ele estava partindo para trabalhar nos cafezais de São Paulo, Brasil e começar uma vida nova em um pais com cultura diferente do seu. Sua mulher, Giovanna Tiozzo tinha cinquenta e quatro e seus dois filhos, Carlo Tiozzo tinha dezesseis anos e Luiggi, quatorze.

Eles devem ter embarcado no trem em Veneza ou talvez na estação de Padova, onde pegariam um trem vindo de Mestre, Veneza. Era meado de novembro de 1888 quando a temperatura média é de 10 graus centigrados. Alguns dias depois estavam no porto em Gênova, dentro do vapor La France. Por coincidência, este foi o mesmo navio em que viajou Giacomo Sarti e o seu grupo. 

Depois de deixar Giacomo em Santos em 28/06/1888, o navio voltou para o Rio de Janeiro onde pegou mais passageiros e foi para Montevidéu e depois Buenos Aires. De lá, fez a viagem de retorno para a Itália para pegar mais passageiros e entre eles estavam a família Tiozzo em novembro de 1888. Isto não é imaginação minha, todos os fatos apontam para isso. Pode ter havido outra viagem entre essas duas. 

Saindo do porto, o vapor navegou pelo mar mediterrâneo, seguiu para o Golfo do Leão, até atracaria no porto de Marselha. Depois de passar pelo estreito de Gibraltar, seguiu para o Brasil carregando mais uma multidão de emigrantes, braços e mão de obra para as fazendas de café em São Paulo e alguns passageiros para Montevidéu e Buenos Aires. 

Em seu diário de viagem, o escrito De Amicis menciona as ocasionais batalhas das mulheres de Chioggia durante sua viagem. Imagino que a família Tiozzo tenha presenciado uma delas. Giovanna entendia bem quando ouvia duas mulheres discutindo sobre uma picaggietta (toalha), ou quando as fofoqueiras de plantão contavam que existem ladras no navio dizendo: “Dixan Che gh’è de ladre!” ou chamavam o marido da outra de mascarson (patife).

Para os dois rapazes, Carlo e Luiggi tudo era novidade. Não havia preocupações! Viviam a aventura de cruzar o oceano atlântico e o sonho de conhecer o novo mundo. Carlo completaria dezessete anos no dia 13 de dezembro. Quantas coisas novas, interessantes e excitantes aconteciam na vida daquele jovem homem!  Não demorou Carlos e Luiggi tinham amigos da mesma idade e pela primeira vez estavam livres da rotina forçada de levantar cedo, tirar leite de vacas amassando o barro misturado com merda de vaca na estribaria, e seguir o pai para trabalhar na lavoura. Com tempo livre de sobra dentro daquela arca flutuante, podiam dar-se ao luxo de gastá-lo fazendo coisas sem importância como admirar um cardume de golfinhos que às vezes aparecia e acompanhava o navio, ou simplesmente debruçarem-se no parapeito do navio e fixaram os olhos no mar. Podiam dar-se ao luxo de libertar-se de todas as obrigações e desfrutar o 'il dolce far niente', (a doçura de nada fazer), tão presente na cultura italiana hoje em dia, mas que naquela época era privilégio de poucos! 

No dia 13/12/1888 foi o aniversário de Carlo Tiozzo. Ele completou 17 anos de idade. Não sei se naquela época era costume desejar ‘buon compleanno’ (feliz aniversário) as pessoas ou fazer festas. Felice, seu pai aproveitou para abrir um garrafão de vinho para comemorarem. Talvez tenham aproveitado a ocasião para se divertirem em uma noite de festa, comum entre os italianos nos navios. Eles tocavam e cantavam músicas folclóricas italianas, batiam palmas, riam e se divertiam. Era o jeito divertido e alegre dos camponeses do Vêneto e de toda a Itália.

Felice Tiozzo, acompanhado de sua mulhere e dois filhos, entre os quais Carlos Tiozzo que agora com 17 anos, desembarcou no porto de Santos no dia 17/12/1888. Era pleno verão. Logo depois de saírem do navio, entraram em um trem e seguiram de Santos para São Paulo. Iriam pernoitar na Pousada do Imigrante no Brás. Lá na pousada um funcionário escreveu no livro de desembarque 16, página 104 as informações dos passageiros do Navio France e incluiu os nomes de Felice Tiozzo (63) casado, Giovanna Tiozzo (54), Carlos Tiozzo (17) e Luiggi (14).

Felice e sua família chegou ao Brasil quase seis meses depois de Giacomo Sarti e três meses depois de Felice Feltrin. Seu destino final era a fazenda Dumont em Sertãozinho, Ribeirão Preto. Mas o destino de Carlo Tiozzo era casar-se, ter vários filhos e juntá-los aos filhos de Giacomo Sarti para criar uma grande família. Mas isto ele não sabia ainda. 

Fontes e Referências:

  1. O La France Veio de Marcelha, França, chegou ao  Rio de Janeiro em 29/06/1888. O nome do capitão é Allemano. Havia passageiros na segunda e terceira classes. Não encontrei os nomes dos antenatos na lista. No final do livro, indica que ficaram 24 passageiros seguiriam para Montevidéu e Buenos Ayres. Deduzo que o navio passou em Santos primeiro deixou a maioria dos imigrantes e depois voltou para o Rio de Janeiro. No registro da pousada, indica que chegaram no dia 28/06/1888, um dia antes. Entretanto, não há registro no Arquivo Nacional dos navios em Santos antes de 1889.  
  2. Vapor Poitou – Blog da família Floriani 
  3. O blog da família Pollini é bem interessante para referencia da viagem, fotos, chegada da família e adaptação à vida na fazenda - Informações sobre o Vapor La France adquirido neste site.
Observação: As fotografias são meramente ilustrativas. Não são dos membros das famílias aqui mencionadas. As fotografias dos navios La France e Poitou foram pesquisadas na Internet e tudo indica que são dos próprios navios, embora não das viagens aqui mencionadas.  



















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9 - Os patriarcas

Depois de muito tempo buscando e colecionando documentos e informações, eu tinha um mosaico histórico da família. Eu sabia de onde eles vieram e quando chegaram ao Brasil. Giacomo Sarti, Felice Feltrin e Felice ‘Bon’ Tiozzo com seu filho Carlo Tiozzo foram os emigrantes que fizeram a travessia do oceano Atlântico a fim de iniciar uma nova vida e formar novos clãs no Brasil. Eles tornaram-se os patriarcas de novas famílias aqui. Segundo o dicionário 1 , patriarca é um chefe de família, por extensão de sentido pessoa mais velha que se respeita, obedece e venera e que tem grande família. Neste sentido, os três emigrantes da minha família eram patriarcas. Felice Feltrin veio casado com Luigia Gabrieli e seus filhos e esses aqui se casaram e tiveram vários filhos. Os outros dois emigrantes, Giacomo e Carlo vieram jovens, ainda solteiros. Aqui casaram-se e tornaram-se patriarcas. Farei um breve relato de cada um deles, baseado em fatos e nas informações coletadas nos documentos encontrado

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