Quando meu âvo paterno, Ângelo Sarti nasceu em 28/04/1908, em Sertãozinho, SP, seus pais, Giacomo Sarti e Amabile Feltrin moravam ainda na região de Ribeirão Preto, provavelmente na fazenda Dumont. Havia vinte anos desde a chegada desses imigrantes do Vêneto e muita coisa já havia acontecido.
No final de 1909 Giacomo tomou uma decisão importante
que afetou toda a família. Mudaram-se para a Argentina. Giacomo (45 anos de
idade) e Amabile (37) tinham já vários filhos em dezembro de 1909: Enricco
(18), Bruno (16), Antônia (13), Ângela (7), Marcelo (6), Maria (4) e Ângelo
(1,8). O motivo que os levou a mudar pode ter sido questão de saúde. Minha irmã
mais nova, Silvia, comentou que um dos filhos de Giacomo tinha um
problema de saúde sério e este foi o motivo que os levou a mudar. Ela deve ter
ouvido essa história ou do meu avô ou do meu pai. Segundo minha irmã,
precisariam mudar para um local com clima mais frio por isso escolheram a
Argentina. Baseado nessa informação, eu acredito que o filho enfermo era o
Enricco.
Enricco Sarti faleceu em 1936 aos 45 anos de ‘bronchite capilar’, segundo consta em seu atestado de óbito. A bronquite é uma inflamação nos brônquios e pode ser aguda ou crônica. É causada por vírus ou bactéria e no caso da crônica, aumenta o risco de outras infecções respiratórias como pneumonia. O principal sintoma é a tosse seca na aguda e expectoração na crônica. A pessoa com bronquite sente falta de ar e o chiado é outro sintoma da bronquite crônica. O mais importante na bronquite crônica é parar de fumar e evitar ambiente de fumantes. Quanto dessas informações sabiam as pessoas em 1909? Mas existe outra possibilidade. Mudar-se para regiões frias era indicado como tratamento para a tuberculose. No final do século XIX, a doença passou a ser qualificada como um ‘mal social’ e passou a ser relacionada às condições precárias de vida, como moradias pouco ventiladas e pequenas para o número de moradores, a má qualidade de alimentação e a falta de higiene. Desde o século XIX, o tratamento higienodietético prevaleceu como terapêutica para a tuberculose e acreditava-se que a cura do doente acontecia quando se dispunha de boa alimentação, repouso e podia-se viver no clima das montanhas, este último considerado um fator fundamental no tratamento. Na década de 1930, já se questionavam o “fator clima” na cura da tuberculose e a partir de 1940 a descoberta de medicação específica promoveu uma queda acentuada nos índices de mortalidade da doença.
Se o motivo dessa decisão foi devido a precária saúde
de um dos filhos, talvez Henrique, por que não enviaram ele para Campos do Jordão, SP ou mesmo para a
Argentina? Não tente separar um membro de uma família italiana! A família é a
base da cultura italiana. Giacomo perdera a mãe aos dez anos de idade. Quantos
membros de sua família provavelmente eles viram, ainda no Vêneto, serem
enterrados?
Somemos
a isso a falta de informação sobre questões de saúde e higiene. Os
imigrantes viviam isolados nas fazendas, onde as informações não chegavam e
eram analfabetos e ignorantes das questões que causavam doenças. Assim como era costume na Itália, a família
inteira convivia dia e noite na mesma casa. Não havia um quarto para cada indivíduo.
No máximo, os filhos pequenos dormiam no quarto com os pais e os filhos mais
velhos em outro cômodo da casa. Talvez a divisão entre quarto para os meninos e
quarto para as meninas aconteceria à partir de uma certa idade. E quando um dos
filhos casava, a nora vinha morar na casa junto com a família, aumentando o
numero de moradores na residência.
Outro fator a considerar é que, como vimos
anteriormente, a vida do
trabalhador imigrante era regida por uma severa disciplina de trabalho, que
levava a situações de tensão, no trabalho e na vida doméstica. Se, por questão
de saúde, algum membro da família perdesse dias de trabalho, isso afetava todo
o grupo. Se houve reclamação do administrador, o italiano de sangue quente não
pensou duas vezes antes de tomar uma decisão.
Talvez o motivo tenha sido questão de saúde ou insatisfação, mas pode ser também que tenham ouvido histórias de que o trabalho na Argentina era melhor que aqui no Brasil. Havia muitos imigrantes italianos na Argentina. Como vimos anteriormente, aqueles italianos não estavam presos à um local, não criavam raízes. Mesmo no Vêneto, mudavam-se com frequência. Mas desta vez, quem pagaria a passagem do Brasil para a Argentina?
Giacomo e Amabile vieram da Itália ao Brasil em 1888
com as passagens pagas pelo governo brasileiro, que desta forma estimulava a
imigração. Ao decidirem se mudar-se para outro país, não teriam tal regalia.
Giacomo pagou a passagem dele e de todos os filhos para chegarem até Rio
Cuarto, Argentina. As despesas incluíram passagens de trem de Ribeirão Preto
até Santos, o vapor de Santos até Buenos Aires e depois a viagem de mais de 600
quilômetros até Rio Cuarto, Argentina. Isso indica que Giacomo tinha algum
recurso. Deve ter economizado dinheiro durante os vinte anos em que trabalhou
na fazenda Dumont entre 1889 e 1909.
Em seu livro, Truzzi menciona que, o esquema de
subsídios por parte do governo na Argentina, vigeu por apenas três anos. Ele
também citou Martinho Prado Júnior comparando o imigrante italiano que foi para
a Argentina com o que veio para o Brasil:
“[...] o imigrante que vem para o Brasil em regra não tem recurso nenhum, são os que vivem na miséria em seu país; o que vai para a República Argentina é o que tem alguns recursos, algum capital [...]. Emigra para o Brasil somente o individuo sem recurso, assaltado pela necessidade sob todas as suas formas, e o faz encontrando passagem gratuita ou reduzida, contentando-se com substância garantida e isenção do serviço militar para seus filhos.” - (Truzzi p 31).
Rio CuartoPor que Rio Cuarto? Só podemos especular. Rio Cuarto, província de Córdoba fica em uma área conhecida como Pampa Húmeda. Hoje é a segunda cidade mais importante da Província de Córdoba, Argentina. Sua importância vem da sua estratégica localização, entre vários corredores comerciais do centro do país que ligam o Oceano Atlântico e o Pacífico. Sua economia se baseia na comercialização e industrialização de produtos agropecuários, principalmente cereais. Em um trabalho entitulado ‘El aporte cultural de los inmigrantes em Rìo Cuarto desde fines del siglo XIX y principios del siglo XX (1890 – 1920)” encontrei algumas informações das quais destacarei alguns pontos relevantes sobre os imigrantes italianos.
Em 1890 Rio Cuarto já havia adquirido um dinamismo e
progresso significativo e os imigrantes italianos ajudaram em seu crescimento
rápido. Não moldaram apenas a arquitetura, mas também o pensamento formando sua
identidade. No começo do século 20, a comunidade italiana já estava
consolidada, realizando múltiplas atividades e adquirindo protagonismo. A
importância da coletividade levou as autoridades italianas a nomear um Agente
Real Consular em novembro de 1901 para a cidade. Em 1909 inauguraram o Teatro
Municipal de Don Giovanni Marchesi e dos irmãos Partelli. Eles também
construíram a Plaza Roca, o colégio del Carmen e o Cárcel de Encausados finalizados
em 1909, anos que nos interessa. (foto da Plaza Rocca - Rio Cuarto)
Segundo este trabalho, a cidade recebia a todos e
permitia que seus habitantes se sentissem parte dela, sobretudo com uma
característica especial: solidariedade. Na segunda década do século 20
instalaram-se vários comerciantes de origem italiana colaborando para o seu
crescimento, e em 1914 foi instalado um importante sanatório. Houve também
imigrantes provenientes da França e Espanha. Em suas reflexões finais, o autor
ao falar sobre os imigrantes italianos da região e diz que eles se caracterizam
pela ampla atividade comercial na cidade com estabelecimentos de casas de
licores, fábricas de massa, padarias, etc. Mas não menciona o trabalho daqueles
que trabalharam na agricultura.
O numero de imigrantes que se deslocou da Itália para a Argentina foi maior que o Brasil porque tinham melhores oportunidades de mobilidade social e econômica tanto no campo quanto na cidade. Giacomo pode ter ido para a Argentina na busca um local melhor para a saúde de um de seus filhos, mas é possível também que tenha ido em busca de melhores condições de trabalho ou até de mobilidade social. Entretanto, seus planos foram frustrados. Ficaram na Argentina apenas 1 ano e 3 meses. Em março de 1911 estavam de volta ao Brasil. Em março de 1911 a família toda estava a bordo do navio Hollandia. Essa informação está registrada no documento de desembarque da pousada dos imigrantes.
Segundo o artigo Impressões do Brasil no século XX –
História e Lendas de Santos – Santos em 1913 – Biblioteca NM, o navio Hollandia
pertencia a empresa Lloyd Real Holandês. A empresa mantinha um serviço regular
de navegação para passageiros e malas do correio entre a Europa, o Brasil e a
República Argentina de três em três semanas. Além do Hollandia, havia mais dois
navios, os paquetes Zeelandia e Frisia. Todos os navios eram modernamente
aparelhados e providos a dois hélices. Na sua viagem entre Amsterdam e o Rio da
Prata, os navios do Lloyd Real Holandês tocam em Dover, Boulogne, Corunha,
Vigo, Lisboa, Rio de Janeiro, Santos, Montevidéu e Buenos Aires, fazendo a
viagem total, da Holanda à República Argentina, em 22 dias. Além do serviço de
passageiros e correio, mantinha um serviço regular de cargas entre Amsterdam e
Buenos Aires, tocando em Dunquerque, Leixões, Rio de Janeiro, Santos &
Montevidéu com outros seis navios: o Amstelland, Rijuland, Zaaland, Deliland, Eemland e Maasland.
O agente geral do Lloyd Holandês no Brasil era a Sociedade Anônima Martinelli,
cuja casa matriz ficava no Rio de Janeiro e que possuía sucursais em Santos e
São Paulo. A fotografia acima é do navio Zeelandia conforme consta no endereço eletrônico
do site. O navio Hollandia era da mesma companhia. Na segunda página da lista de desembarque encontramos os nomes de todos os membros da família na segunda página.
Desembarcaram em Santos no dia 29/03/1911 vindo de Rio Cuarto, Argentina onde residiram por quinze meses. Não tinham passaporte, eram italianos católicos e havia morado por vinte anos em Ribeirão Preto. Na pousada do imigrante estão listados os nomes dos filhos de Giacomo e Amabile: Enricco (20), Bruno (18), Antonia (15), Ângela (9), Marcelo (8), Maria (6) Angelo (2) na verdade faria três anos em abril de 1911 e a Rosa Sarti com seis meses.
Rosa Sarti deve ter nascido em setembro de 1910. Ela é a última filha do casal, segundo informações que tenho até o momento. Apesar da tentativa de encontrar o seu registro de nascimento na Argentina, não tive sucesso. Ela era conhecida pela família como Loli. No site familysearch encontrei o nome de Rosa Marta Sarti Balan, nascida em 1910 e depois casada com Ângelo Balan. Segundo o familysearch, e documento anexo, ela teve uma filha em 24/10/1932 chamada Maria Balan, e outra filha chamada Alice Isaura do Nascimento em 09/02/1944 na fazenda Floresta, Terra Roxa, SP. O interessante é que no registro de casamento de meu avô Ângelo Sarti consta que foi testemunha de casamento dele o senhor Mario Balan. Seria a mesma pessoa ou parente do Ângelo Balan?
Há uma informação interessante sobre a situação financeira da família. No livro há uma coluna intitulada: Importância com que imigrou que é dividida em duas colunas, sendo a primeira: Despendida em passagem, e a segunda: Saldo em dinheiro. Sob a coluna de despesas está descrito o valor: “170 e 65” em frente ao nome de Giacomo Sarti, e sob a coluna de saldo em dinheiro o valor: “50”, talvez “50//000”. Seriam réis ou pesos? De qualquer forma, isso indica que a passagem foi paga por ele, e havia sobrado algum dinheiro, não muito quando comparado ao valor das passagens. Pernoitaram na Pousada do Imigrante no Brás e depois seguiram para fazenda de Cel. Francisco Schmidt em Sertãozinho, SP.
No documento de casamento de Antônia Sarti de fevereiro
de 1914, diz que “Os contraentes são
solteiros, naturaes deste Districto e residem na fazenda Dumont, deste
Districto.” Surge então a pergunta, será que a família Sarti foi mesmo para
uma das fazendas do Cel. Schmidt, ou foram, mas nesse intervalo de três anos mudaram-se
para a fazenda Dumont? Ainda outra pergunta: Por que voltaram ao Brasil? Teriam
eles, principalmente Enricco e Bruno, depois de viver por vinte anos em
Ribeirão Preto assimilado tanto a cultura brasileira ao ponto de não se
sentirem adequados em Rio Cuarto? Teriam os problemas e dificuldades na
Argentina suplantado os benefícios de iniciar uma nova vida por lá? Teriam eles
se frustrado ao verificar que a saúde do filho permanecia a mesma, se este foi
o caso? Essas são perguntas que não teremos respostas.
Meu avô Ângelo dizia apenas que morara na Argentina, mas nem mesmo lembrava-se da viagem de navio. Os filhos mais velhos de Giacomo, não estão mais entre nós para contar sobre este período. Aquela deve ter sido uma experiência interessante e enriquecedora culturalmente para todos eles!
Vida que segue: Sarti e Tiozzo
Dois anos depois da volta ao Brasil, Enricco Sarti, o
primogênito de Giacomo e Amábile casou-se em Sertãozinho, SP. Foi no dia
10/05/1913. Em seu registro de casamento, o nome está aportuguesado: Henrique
Sarti (21) e Maria Bolognesi (19) casam-se em Sertãozinho, SP às 12h15 da
tarde. Os dois são naturais de Ribeirão Preto. Ela é colona, filha de Giacomo
Bolognese e Corrá Matilde, italianos. Foram testemunhas do casamento Luigi
Donasio (26), italiano, pedreiro, e Feltrin Canzio (26), italiano, oleiro. Giovanni
(João) Tiozzo (21) assinou como testemunha, pois Henrique não sabia
escrever. Assinaram também o escrivão Luiz Arruda Barboza, João Ragarri e Luigi
Loraso. Por esta ocasião, Enricco trabalhava como carroceiro, alguém que faz
frete com carroça.
Seis meses depois do casamento de Enricco, João
(Giovanni) Tiozzo se casou com Antônia Sarti (19), irmã do Enricco, no dia
21/02/1914 as 12h45. Ela era doméstica e
não sabia ler. O registro foi feito no cartório de Ribeirão Preto, SP e indica
que eles são naturais do distrito de Ribeirão Preto e residiam na fazenda Dumont. As testemunhas foram: Luiggi Bignaldi (34),
casado, viajante, natural da Itália, e Bruno Sarti (20 - talvez 21 ou mais),
solteiro, lavrador.
Podemos observar que a família Sarti e Tiozzo se
conheciam em 1913 e eram próximos. João Tiozzo foi uma das testemunhas do
casamento de Henrique e casou com Antônia, a irmã dele. Não é possível ainda
afirmar se a família Sarti se conheceram antes ou depois dos Sarti irem para a
Argentina, mas temos certeza de que Ângelo Sarti (6) e Virginia Tiozzo (3), já
se conheciam e estavam presentes no casamento de João Tiozzo e Antônia Sarti. O
grupo de meninos fazendo traquinadas sem se misturar com as meninas em outro
grupo brincando. Talvez Maria Sarti (10), cuidava e brincava com a pequena
Virginia (3), que nem sabia direito o que estava acontecendo ali. O que eles
não sabiam ainda, é que dezesseis anos mais tarde Ângelo e Virginia iriam se
casar. Será que seus pais já trocavam ideias sobre isso? Imagino Amabile
Feltrin e Antônia Boscarata confabulando e rindo na modesta festa de casamento
dos filhos, em uma das colônias da fazenda Dumont: “Quando o Ângelo tiver idade, ele vai se casar com a Virgínia!” Ou
talvez Giacomo Sarti e Carlo Tiozzo acertando isso entre eles, sem nem mesmo
consultar suas mulheres e muito menos os dois filhos.
Um pouco antes do casamento de sua filha, Giacomo Sarti (48) esteve em São Paulo e passou por um hospital. Esta informação esta registrada na Hospedaria do Imigrante no Brás, São Paulo. No registro consta a data: 25/08/1913, ele estava só e indica que passou pela hospedaria “vindo do Hospital para voltar à fazenda.” Consta que ele era agricultor e o seu retorno seria para a fazenda Dumont em Sertãozinho, SP.
Algumas observações:
Quando Giacomo Sarti passou por São Paulo no dia 25/08/1913, ele
encontrou uma cidade bem diferente daquela que ele havia visto em 1888 quando
ficou hospedado na Pousada do Imigrante em 1888. Em 1890 a população chegava a
65 mil habitantes. A cidade, porém, ainda guardava aspectos da antiga vila sem
grande importância econômica. A luz elétrica, instalada naquele ano, atendia a
uma parte muito pequena da área povoada. A iluminação das ruas era feita com
lamparinas a óleo. Por essas mesmas ruas, durante o dia transitavam carros de
boi, carroças e bondes puxados por animais. Enchentes dificultavam a locomoção
das pessoas. A Várzea do Carmo, atual Parque D. Pedro II, era a zona pobre da
cidade. Sujeita às frequentes enchentes do rio Tamanduateí, de lá se
disseminavam doenças como o tifo, a tuberculose, a varíola e a meningite. (Fotografia da Santa Casa de São Paulo)
Mas a cidade passava por um processo de urbanização intenso no final do século XIX. Todas as atividades ligadas ao café estavam centralizadas na cidade de São Paulo como bancos e casas de exportações. A ferrovia vinha de Santos, passava por São Paulo e se ramificava em direção ao interior onde estavam as fazendas de café. No Brás, onde ficava a Hospedaria dos Imigrantes, dava-se o cruzamento dos trilhos da ferrovia que vinha de Santos e da antiga Central do Brasil, que vinha do Rio de Janeiro. Não era um bairro bem visto pela população da capital, era um dos bairros mais poeirentos da cidade. A ferrovia induzia o surgimento de novos bairros e núcleos urbanos na parte leste da cidade. Surgiu assim o bairro da Moóca onde moravam muitos imigrantes italianos.
No final do século XIX já havia iluminação a gás em alguns locais, houve início dos serviços de energia elétrica e dos bondes na cidade. Os governantes começaram a embelezar a cidade com jardins e novas construções como a nova Estação da Luz. Surge novos bairros e novas avenidas como a Avenida Paulista onde moravam os novos ricos da cidade. Os pedreiros e mestre de obras eram quase todos italianos. De cada quatro pedreiros existentes na cidade, três eram italianos. No inicio do século XX, São Paulo deixa de ser uma vila pacata para ser uma cidade moderna. No centro da cidade há novas lojas que oferecem serviços de alfaiataria, sapateiros, chapelarias, restaurantes. Muitas dessas atividades eram exercidas por migrantes italianos.
Esse movimento todo não pareceu ter seduzido Giacomo, pois ele voltou para Ribeirão Preto e continuou morando na região até sua morte em dezembro de 1940. Somente vinte anos depois de sua morte, em 1963, seus netos Augusto e Reinaldo Sarti migraram para a região metropolitana de São Paulo. Eles finalmente romperiam com a tradição de família de trabalhar como agricultores.
Entre agosto de 1913 e março de 1921, não temos informações da família Sarti. Portanto há uma lacuna de sete anos em nossa história. O próximo registro da família é de março de 1921 quando faleceu, Maria Sarti (17) filha de Giacomo e Amábile, na fazenda S. Carolina, distrito de Viradouro, SP. A fazenda Santa Carolina está no território em que hoje fica a cidade de Terra Roxa.
Notas e Referencias:
- Observação: Em sete anos, em junho de 1913 houve a primeira viagem com avião comercial entre São Petersburgo e Kiev levando 16 passageiros. Em julho de 1928 acontece a primeira travessia do Atlântico em avião, num voo sem escalas, entre a Europa e América Latina. O voo foi entre Montecello, Roma, Itália e Touros, RGN, Brasil. No avião estavam o praça Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin. Mais um motivo de orgulho para os imigrantes italianos. Foram quarenta anos entre 1888 e 1928, entre a travessia dos nossos imigrantes em um navio a vapor e o voo histórico que mudaria a forma de se viajar no mundo. Veja: Aviação comercial disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Avi%C3%A3o_comercial
Fontes:
- CARNIER Júnior, Paulo - O TRABALHO NAS FAZENDAS - em: A IMIGRAÇÃO PARA SÃO PAULO: A viagem, o trabalho, as contribuições – capítulo 21
- Bronquite: http://spajulioganiko.com.br/bronquite/
- Imigração em Rio Cuarto, Argentina - https://www.monografias.com/trabajos55/aportes-culturales-inmigratorios/aportes-culturales-inmigratorios2.shtml
- Tuberculose: http://www.saude.sp.gov.br/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica-prof.-alexandre-vranjac/areas-de-vigilancia/tuberculose/informacoes-sobre-tuberculose/historia-curiosidades
Comentários
Postar um comentário